"Jorge Fraga acabava de fazer quarenta anos quando decidiu estudar a vida e a obra do poeta Claudio Romero"
(Julio Cortázar, início do conto "Os Passos no Rastro", do livro "Octaedro")
terça-feira, 30 de setembro de 2008
domingo, 21 de setembro de 2008
Linguatoris
Se você fosse um morango,
Te devoraria
Lambida a lambida
Fome que nunca míngua
Quanto mais se come
Incha incha incha
Língua virando fruta
Fruta virando língua
Te devoraria
Lambida a lambida
Fome que nunca míngua
Quanto mais se come
Incha incha incha
Língua virando fruta
Fruta virando língua
sábado, 20 de setembro de 2008
blade runner waltz
Em mil novecentos e oitenta e sempre,
ah, que tempos aqueles,
dançamos ao luar, ao som da valsa
A Perfeição do Amor Através da Dor e da Renúncia,
nome, confesso, um pouco longo,
mas os tempos, aquele tempo,
ah, não se faz mais tempo
como antigamente.
Aquilo sim é que eram horas,
dias enormes, semanas anos, minutos milênios,
e toda aquela fortuna em tempo
a gente gastava em bobagens,
amar, sonhar, dançar ao som da valsa,
aquelas falsas valsas de tão imenso nome lento
que a gente dançava em um algum setembro
daqueles mil novecentos e oitenta e sempre.
Paulo Leminski
ps:
é setembro;
véspera da metade da régua;
que eu já gastei
amando,
sonhando,
dançando valsas;
e hoje sentindo
saudades daqueles
mil novencentos
e oitenta
e sempre.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
amora
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Come on, baby, gonna take a little ride
Let's swim to the moon, uh huh
Let's climb through the tide
Penetrate the evenin' that the
City sleeps to hide
Let's swim out tonight, love
It's our turn to try
Parked beside the ocean
On our moonlight drive
Let's swim to the moon, uh huh
Let's climb through the tide
Surrender to the waiting worlds
That lap against our side
Nothin' left open
And no time to decide
We've stepped into a river
On our moonlight drive
Let's swim to the moon
Let's climb through the tide
You reach your hand to hold me
But I can't be your guide
Easy, I love you
As I watch you glide
Falling through wet forests
On our moonlight drive, baby
Moonlight drive
Come on, baby, gonna take a little ride
Down, down by the ocean side
Gonna get real close
Get real tight
Baby gonna drown tonight
Goin' down, down, down
febres de setembro
Vôo Anti-Horário
É o Super-Homem dando voltas
contrárias ao redor da Terra
para retroceder o tempo
São os ponteiros dos relógios
refazendo horas nas paredes dos escritórios
São as oito longas arestas
que ressurgem das ruínas, uma a uma
entre os pavimentos, até atingir o céu
É Mandrake com a cartola nas mãos,
olhos e dentes cerrados, encadeando as
sílabas mágicas numa cabala doída
É e. e. cummings construindo sobre o
tablado duas sílabas, o Homem-Borracha
esticando para alcançar as letras que caem
É o mantra-gerúndio. Que o passado ressurja
Agora: dominós se ergam, cartas de baralho
e lajes de concreto retornem ao lugar
São Withman, Thoreau e Ginsberg
escrevendo a palavra: V I D A
soprando-a em uníssono das colinas,
sobre as pradarias
do topo das sequóias
à ponte do Brooklyn
O vulto veloz de Kal-El rasga o céu da ilha,
o planeta gira ao contrário,
centenas, milhares, milhões de vezes
até os aviões pousarem de ré, prata silente
nos aeroportos de origem, sua fuselagem
sob os primeiros raios do sol,
e os passageiros, um a um,
aos fartos breakfast, aos beijos de bom dia
às suas camas,
aos seus sonhos
do dia anterior
Joca Reiners Terron
11/09/2001
É o Super-Homem dando voltas
contrárias ao redor da Terra
para retroceder o tempo
São os ponteiros dos relógios
refazendo horas nas paredes dos escritórios
São as oito longas arestas
que ressurgem das ruínas, uma a uma
entre os pavimentos, até atingir o céu
É Mandrake com a cartola nas mãos,
olhos e dentes cerrados, encadeando as
sílabas mágicas numa cabala doída
É e. e. cummings construindo sobre o
tablado duas sílabas, o Homem-Borracha
esticando para alcançar as letras que caem
É o mantra-gerúndio. Que o passado ressurja
Agora: dominós se ergam, cartas de baralho
e lajes de concreto retornem ao lugar
São Withman, Thoreau e Ginsberg
escrevendo a palavra: V I D A
soprando-a em uníssono das colinas,
sobre as pradarias
do topo das sequóias
à ponte do Brooklyn
O vulto veloz de Kal-El rasga o céu da ilha,
o planeta gira ao contrário,
centenas, milhares, milhões de vezes
até os aviões pousarem de ré, prata silente
nos aeroportos de origem, sua fuselagem
sob os primeiros raios do sol,
e os passageiros, um a um,
aos fartos breakfast, aos beijos de bom dia
às suas camas,
aos seus sonhos
do dia anterior
Joca Reiners Terron
11/09/2001
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
viagem à alma nordestina
Com sólida base jazzística, o pianista Jovino Santos Neto faz uma recriação vigorosa de ritmos como maracatu, baião e forró. Por José Alberto Bombig. Leia aqui, na Bravo! deste mês, que acaba de chegar às bancas.
terça-feira, 2 de setembro de 2008
o tom de todos nós
Um belo texto do escritor João Gabriel de Lima, editor da Bravo! (veja o link), sobre o polêmico encontro do Rei Roberto com Caetano em Sampa, termina com a pergunta: qual o seu Tom?
O meu está em um CD que vem junto com a biografia do maestro escrita por sua irmã, Helena. São gravações caseiras feitas por Chico Buarque. Na melhor delas, Tom mostra ao parceiro a melodia de "Anos Dourados" (postei um vídeo abaixo) e diz algo como "é a coisa mais singela do mundo". Sempre que ouço o CD fico imaginando o Chico começando a delinear a letra que viria a ser tão perfeita. Há também uns diálogos maravilhosos de vozes pastosas porém lúcidas (ou lúdicas?) sobre garrafas de vinho e empregadas domésticas.
Conheci o livro e a autora em 1997, no Pinguim, em Ribeirão Preto, junto com o Zuenir Ventura e com um casal que havia acompanhado o maestro na Banda Nova. Foi uma noite inesquecível dentro de uma época em que eu escutava o dia inteiro o "Urubu", outro grande disco do Tom. Tão longe do mar, no meio dos canaviais, mas muito perto do Rio.
O meu está em um CD que vem junto com a biografia do maestro escrita por sua irmã, Helena. São gravações caseiras feitas por Chico Buarque. Na melhor delas, Tom mostra ao parceiro a melodia de "Anos Dourados" (postei um vídeo abaixo) e diz algo como "é a coisa mais singela do mundo". Sempre que ouço o CD fico imaginando o Chico começando a delinear a letra que viria a ser tão perfeita. Há também uns diálogos maravilhosos de vozes pastosas porém lúcidas (ou lúdicas?) sobre garrafas de vinho e empregadas domésticas.
Conheci o livro e a autora em 1997, no Pinguim, em Ribeirão Preto, junto com o Zuenir Ventura e com um casal que havia acompanhado o maestro na Banda Nova. Foi uma noite inesquecível dentro de uma época em que eu escutava o dia inteiro o "Urubu", outro grande disco do Tom. Tão longe do mar, no meio dos canaviais, mas muito perto do Rio.
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