Da série "você nota que as coisas estão se tornando complicadas quando":
-descobre que o disco que não sai da sua vitrola (sim, eu tenho vitrola) era usado pela poeta suicida Ana Cristina César para "ruminar uma ira embaladora contra a vida".
Trecho da carta escrita por ela em 15/04/1977 à Clara Alvim:
"TE ESCREVO OUVINDO THELONIOUS MONK,
que eu comprei em dia de grandes emoções, quando pintou um dinheiro de um artigo que publiquei na "Colóquio", fui vender os dólares no câmbio negro confortável, e voltei tentando me desvencilhar de um namoradinho belo mas enrolado - daqueles que falam aos olhos mas não ao bom senso. Foi ele que me indicou o disco do Thelonious, "The man I love". Compre, ouça com bons sensos, ah insensatez. Aí boto esse piano pra ouvir e rumino uma ira embaladora contra a vida. Por que são certas iras tão embaladoras?"
ps meu:
-"The Man I Love" é um puta disco (acho que não é coletânea) que eu achei no sebo do Erik (rua Arthur de Azevedo, Pinheiros, SP);
-foi gravado nos anos 70, provavelmente em Londres, para o selo inglês Black Lion;
-traz um Monk acompanhado de Al McKibbon (bass) e Art Blakey (drums) em versões magníficas da música-título de Gershwin e de seu clássico (dele, Monk) "Ruby My Dear";
-a ausência de metais deixa o pianão do bruxo escancaradado, um escândalo;
-é pena que nunca vi o danado em cd no Brasil;
-"I Mean You", "Little Rootie Tootie", "Misterioso" e "Trinkle Tinkle" completam o disco;
-a pedido do Conrado Corsalette, meu rockstar preferido, tô ensaiando descolar um lugar para copiar o disco em cd e presentear os amigos;
-mas, cuidado: ele pode ser perigoso aos domingos.
domingo, 27 de janeiro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Cara, que legal te ver por aqui! Adorei. Já te linkei. Um beijo
quando conseguir copiar, grava uma cópia pra mim!
e escreva sempre, hein, aqui.
beijões
micha
Meninas,
obrigado pela força.
bjo
Opa, belíssima dica. Deu vontade de consertar aquele meu vitrolão. Abraço!
Postar um comentário