terça-feira, 9 de dezembro de 2008

adeus batucada




O gato preto me espreita ao pé da escada
Sabe que sou fraco como uma folha
Indefinido, volátil, vento, brisa
Ressentido, retrátil, um gato pardo

O gato preto não move um músculo
Seus olhos de noite furam meu peito
Ameaçam minha integridade mental
Arregaçam segredos, riem do meu fardo

Ao pé da escada o gato preto espera
Guarda a porta do meu inferno
Desce, desce, desce, desce rapaz
Está feliz sobre a verdade o felino

Preto sujo gato paciente e ridículo
A me esperar como Cérbero
Lambe as patas ùmidas de cidade
E me diz, sorrindo: Bem-vindo!

O gato cruzará meu caminho, penso
Tenho ímpetos de chutar sua cara
Esmagar suas tripas, comer seus miolos
Fritar suas patas, trucidar sua raça

Mas ele se encolhe, recolhe as garras
Está molhado de orvalho e lágrimas
Se aninha em meu colo de cão velho
E seguimos juntos pela madrugada

Nenhum comentário: