quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

fecha a conta

31/12
Cidade vazia
O ano todo
Por um só dia


2008
que
o

da
am
pu
lhe
ta
lhe
se
ja
le
ve

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

my condition




voar com a asa ferida?
abram alas quando eu falo.
que mais que eu fiz na vida?
fiz, pequeno, quando o tempo
estava todo ao meu lado
e o que se chama passado,
passatempo, pesadelo,
só me existia nos livros.
fiz, depois, dono de mim,
quando tive que escolher
entre um abismo, o começo,
e essa história sem fim.
asa ferida, asa ferida,
meu espaço, meu herói.
a asa arde. voar, isso não dói.


Paulo Leminski

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

dias de (bom) big lebowski



(ou "breve relato de uma semana de folga")

Voar sobre a cidade com a barba suja de White Russian.
O chinelo nos pés a desafiar a gravidade dos homens sérios.
Bermuda florida, papagaios, maritacas e margueritas.
No café-da-manhã? Por supuesto que si! Como no!
Qual o problema, dona? Como vai o senhor? E a família?
Cair fora, pular fora, dar um tempo, dá um tempo, cara!
Adiós San Pablo! Bienvenido San Pablo!
Papo furado, papo pro ar, óculos escuros e piscina.
As grandes questões da humanidade cabem em uma garrafa.
As grandes manchetes não preenchem um verso.
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem, Caetano.
Desencanto, desacato, descaso, entrega e recusa.
Sinto muito, não foi daqui que pediram vida pré-fabricada.
Passe outra hora. Hasta la vista! Depois do Carnaval, quem sabe...
E que sejamos losers de nós mesmos neste final de ano.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

adeus batucada




O gato preto me espreita ao pé da escada
Sabe que sou fraco como uma folha
Indefinido, volátil, vento, brisa
Ressentido, retrátil, um gato pardo

O gato preto não move um músculo
Seus olhos de noite furam meu peito
Ameaçam minha integridade mental
Arregaçam segredos, riem do meu fardo

Ao pé da escada o gato preto espera
Guarda a porta do meu inferno
Desce, desce, desce, desce rapaz
Está feliz sobre a verdade o felino

Preto sujo gato paciente e ridículo
A me esperar como Cérbero
Lambe as patas ùmidas de cidade
E me diz, sorrindo: Bem-vindo!

O gato cruzará meu caminho, penso
Tenho ímpetos de chutar sua cara
Esmagar suas tripas, comer seus miolos
Fritar suas patas, trucidar sua raça

Mas ele se encolhe, recolhe as garras
Está molhado de orvalho e lágrimas
Se aninha em meu colo de cão velho
E seguimos juntos pela madrugada

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

velho oeste

No fogo-cruzado
O olhar perdido
Um amor alvejado

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

sem controle



"Os Estados Unidos lutam contra a depressão"
E a gente dando porrada sozinho, hein!?

(com a mais nova do Portnoy)