quinta-feira, 13 de agosto de 2009

fabricio

Neste ano, muito me desocupei das coisas supostamente grandes do dia-a-dia. Fiquei fascinado pela enormidade da vida pequena, e fui encontrá-la tão bem retratada em três textos gigantes: "A Morte de Ivan Ilicht" (Tolstoi), "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (Machado de Assis) e "Homem Comum" (Philiph Roth).
Quis o destino que a tragédia humana _e masculina (glórias, decepções, alegrias, veleidades, culpa e, por fim, a inexorável morte)_ tão bem retratada nesses livros se aproximasse ainda mais de mim nos últimos dias.
E que eu encontrasse _fuçando o nome do amigo que se foi na internet em busca de prestar-lhe uma singela homenagem_ o texto que segue abaixo, com o título quase místico e tão simples de "Primeiras Letras". Ele daria início a um blog (em 17 de janeiro deste ano) que, infelizmente, não prosseguiu. Uma pena.
Mas foi suficiente para deixar uma marca, um brilho, um pouco da trajetória de um homem grande e especial. A história do amigo não guarda semelhança com a do juiz de instrução russo, com a do nosso Brás ("aos 40 anos, não era ministro, não tinha filhos, não era nada") ou com a do publicitário de Roth. Mas traz nela nossa aflição contra o inexplicável da morte e a fugacidade da vida.
No texto, meu amigo chega a dizer que "escrever é para os profissionais". Não é. Escrever é para quem não se conforma.
Ontem, Fabricio se foi. Deixou saudades, amigos, filhos, exemplos e o testemunho que reproduzo aqui como minha despedida simbólica e perpetuação de sua ausência.
Viveu bem sua grande vida de homem comum.

Primeiras Letras
Enfim decido por um Blog. Nunca sei a pronúncia correta, se falo o "B" separado do log, ou "bilogui". Ou se tudo junto, Blog.
De todas as formas me rendi a essa história de Blog.
Nem sei se tenho muito que expressar, mas ultimamente estive pensado muito, durante as noites de insônia ou no banho, sobre coisas várias.
É interessante este mundo de exposição, todo mundo querendo se “celebrizar”. Eu de minha parte, desejo apenas ser rico (coisa que ainda não consegui) e desconhecido, porque nada pior que ser pobre e famoso.
Desejo pensar alto sobre as mais diferentes coisas, desde comportamento, religião, finanças, musica, cinema e economia até política, futebol, turismo, Tv por assinatura, filhos e cerveja.
Como bom desconhecido, me apresento.
Homem na faixa dos 30 para os 40, formado em economia pela Universidade de São Paulo, com pós em administração pelo INPG, trabalho com comércio exterior. Viajo pelo mundo e nessa viagens uso o inglês, o espanhol, o português e o italiano, nem sempre de forma correta, mas seguramente se fazendo entender.
Um casal de filhos pequenos, uma esposa maravilhosa que me suporta, não no sentido abrasileirado da palavra, mas anglo-saxão.
Enfim, um homem comum, de classe média a mais média possível.
Escrevo eventualmente no principal jornal de meu município, A Comarca. Vivo em Matão, uma próspera cidade (pelo menos até a mais recente crise financeira mundial) do interior de São Paulo, com cerca de 80 mil habitantes.
Espero encontrar olhos e ouvidos aqui, pessoas que se interessem por pensamentos muitas vezes curiosos, mas minimamente formulados.
Escrever sobre coisa alguma é coisa para profissionais, portanto os deixo aqui.
Sejam todos bem vindos.



Segue o link do Bico.

(era para ser lido ao som de "Peter Gast", do Caetano, mas não encontrei no Youtube).

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