quarta-feira, 9 de julho de 2008

grandes encontros

Uma vez, eu estava assistindo aula de alguma coisa chata que eu não lembro mais o que era no terceiro colegial em Ribeirão Preto. Aí, o professor de literatura pediu licença e entrou na classe com um amigo, um sujeito de bigode, vestindo jeans, camiseta branca de mangas compridas e tênis marinho de lona, bolsa de couro a tiracolo:
_Pessoal, este aqui é um colega, professor de cursinho do Paraná, ele vai lançar um livro hoje...
Eu não fui ao lançamento. Meus interesses naquela época basicamente se resumiam a garotas, futebol e cerveja. Talvez por isso, no final da noite passei no bar onde o professor de literatura e o amigo dele tomavam uns drinques.
_Ô garoto, chega aqui, senta aí_, disse o mestre assim que me avistou.
Pedi um chope e fiquei olhando a dupla tomar vodka como se fosse água. Matei minha bebida, dei umas risadas e caí fora. Carregando eternamente a glória de já ter entornado umas com o grande Paulo Leminski:

o velho leon e natália em coyoacán

desta vez não vai ter neve como em petrogrado aquele dia
o céu vai estar limpo e o sol brilhando
você dormindo e eu sonhando

nem casacos nem cossacos como em petrogrado aquele dia
apenas você nua e eu como nasci
eu dormindo e você sonhando

não vai mais ter multidões gritando como em petrogrado aquele dia
silêncio nós dois murmúrios azuis
eu e você dormindo e sonhando

nunca mais vai ter um dia como em petrogrado aquele dia
nada como um dia indo atrás de outro vindo
você e eu sonhando e dormindo

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