sexta-feira, 8 de agosto de 2008

um urso no sótão

Os psicóticos olhos do tempo

O tempo funga em minha nuca.
derrama sua baba horrenda em minhas costas
e esfola meu calcanhar com simplicidade.

Encurralado num corredor apertado,
resta-me apenas engolir a saliva com raiva
e rogar a maior de todas as pragas em brasa.

Currado como detento recente,
deformo-me na humilhação da posição fetal
e aprisiono o soluço no ranger dos dentes.

O tempo não olha o estrago que faz,
seus olhos psicóticos estão sempre fechados
imaginando luz onde existe putrefação no vácuo.

O tempo me quebra inteiro
e grita que sou mais um dependente
que o destino do meu sangue
é fazer parte da terra.

Marcos Losnak

Nenhum comentário: